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Arquitetos: Reyes Ríos + Larraín Arquitectos; Reyes Ríos + Larraín Arquitectos
- Área: 500 m²
- Ano: 2013
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Fotografias:Pim Schalkwijk, Tim Street Porter, Ignacio Rivero
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Fabricantes: Chukum, Ecocreto, Hebel
Descrição enviada pela equipe de projeto. Casa unifamiliar de 500 m² em apenas um pavimento, localizada em um antigo bairro repleto de colinas no centro histórico de Mérida Yucatán. A casa está inserida em um lote de 2.000 m² com árvores endêmicas de grande tamanho , com mais de cinquenta anos de idade, localizados principalmente em seu perímetro com um grande valor agregado ao terreno.
O terreno se encontrava ocupado igualmente por uma casa dos anos 70, também de apenas um pavimento e tamanho similar. devido a seu baixo valor arquitetônico, aos danos importantes em sua estrutura, assim como sua péssima implantação e orientação de espaços, a casa teve que ser demolida.
A nova construção está desenhada seguindo as seguintes diretrizes:
- Construir uma casa térmica, transparente e leve, para favorecer amplas vistas ao próprio terreno, assim como conexões físicas graduais graduais com as árvores e o novo jardim criado como parte do conceito de habitar nesta casa.
- Propor um sistema construtivo que reduzisse ao mínimo possível a intervenção de pedreiros, favorecendo a construção pré-fabricada e minimizando os detalhes de acabamentos como atributos de uma obra incerta em um entorno cultural tecnologicamente muito atrasado.
Entre as referências que inspiraram os arquitetos, estão as obras de Craig Ellwood e Pierre Koening, assim como o programa das Case Study Houses, na Califórnia dos anos cinquenta. Neste caso e em clara referência com as obras citadas, foi considerado um grande desafio introduzir a componente de sustentabilidade e lidar com a aparente contradição entre a lógica de arquitetura de máxima transparência e leveza e mínima massa térmica e mínimo ganho de calor em um terreno localizado em um clima quente, alta umidade e risco de furacões.
Como resposta, conceitualizamos e desenvolvemos em conjunto com os engenheiros estruturais e a empresa provedora de material térmico selecionado, um sistema construtivo híbrido que mescla elementos portantes de metal e concreto celular. A justaposição das propriedades de ambos materiais permitiu criar uma estrutura de alto desempenho cujos elementos alcançam praticamente sua mínima secção possível.
O sistema de construção alcançado permite a utilização de elementos estruturais básicos como perfis tubulares quadrados de aço de 2,5 polegadas e vigas IPR de apenas 8 polegadas para colunas e travas de de borda, respectivamente, capazes de serem acopladas a blocos de 12,5 cm de espessura em paredes rígidas e painéis de 15 cm para lajes que cobrem vãos de 4,8 metros.
O módulo do projeto parte do máximo aproveitamento de ambos os materiais em suas medidas comerciais, que determinou essencialmente a escala e proporções da arquitetura: alturas de pé direito de 3 metros e dimensões de espaços múltiplos de 1,2 metros. O programa da casa inclui três quartos com seus respectivos banheiros; cozinha-sala de estar-sala de jantar-varanda em apenas um volume transparente, um estúdio com banheiro anexo que serve para visitas e uso da piscina; área de serviços e garagem para três automóveis.
Separado do volume principal da casa, o programa ainda inclui um "pavilhão de hóspedes", construção térrea de 48 m², concebido como um ensaio de projeto de habitação mínima de alta eficiência. Esta construção conta com terraço, sala de jantar e estar, cozinha e banheiro completo e um quarto de 17 m².
A arquitetura é definida pela congruência entre a lógica racional de uso dos materiais e a tectônica plástica que o sistema construtivo foi nos revelando como oportunidades de desenho. A partir disto, foram elaborados espaços em relação a diferentes camadas de proteção: afastados do solo em pilares isolados e pisos ventilados, balanços que são circulações e transições de luz e temperatura, painéis pivotantes e de correr de metal e bambu proveniente da região.
Estas estratégias permitem neste caso, habitar confortavelmente uma ampla caixa de vidro em um clima árido e de luminosidade extrema sem recorrer à climatização artificial. O estudo das propriedades dos materiais permitiu criar um sistema construtivo inovador à um custo acessível, que entre seus atributos, permite unir concreto celular com a camada de estuque a base da resina da árvore de Chukum, técnica ancestral que o arquiteto Salvador Reyes redescobriu e reinventou em 1996, convertendo-se desde então em um legado para a arquitetura contemporânea de Yucatán.